quarta-feira, 9 de novembro de 2011

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Estou escrevendo neste tempo para que não pensem que foi chacota ou marmelada. Um tempo de reviravoltas, bem esperadas. Chegaram estas tão faladas tormentas como chuviscos. O Moço lá de cima falou alto em meu coração hoje, que enfim, o meu fim estava escrito. Um fim não da carne, mas uma simbologia de recomeço. Morrendo para o velho, vivendo o novo. O desafio foi desmascarado. Todos dançamos ao som da alegria, nem que fosse por conveniência. Uma noite! Bastou uma única noite para eu entender, em meio a várias doses de whiskeys, que não era para eu entender mais nada; não julgar mais nada; não pensar em nada, apenas dançar e sorrir. Começou nesta data logo cedo, quando em casa, resolvi agir como num passado tão distante de tão ali. No meu quintal tomei banho de borracha, bebi cerveja, escutei música, vi nosso vôlei campeão, papeei com meu pai, escrevi algumas linhas do meu livro, enfim, bem provados e saboreados minutos vivi aquele domingo. Mal sabia que a noite seria fechada com arremate de puro ouro. Não. Não “peguei” ninguém; não, não “comi” ninguém; não, não vomitei; dancei e sorri muito. Esta sincronia que há muito deixara de lado. Algo mágico que sempre me ajudou. Fato que deixei passar. Deus me permitiu voltar. Mas esta volta, pela primeira vez, foi concedida em voz alta... aqui...dentro peito.
Estou escrevendo sentindo e escutando esta voz. É doce, paterna, blindada e me sinto doce, paterno e blindado. Faz-se em mim e me faço Nele. Uma missa é celebrada no coração onde o céu e a Terra se encontram; onde minh’alma doma meus sentidos, quase que uma vertigem. Estou lúcido! Alegre e feliz pelo bem de quem partiu para um outro “lugar”. O meu “lugar” pode ter certeza, que apesar de vazio, é necessário ser assim para um dia você voltar. Ah sim, e obrigado pelo eu te amo! Sigo eu, apaixonado, sorrindo, feliz, louco olhando o pôr-do-sol...dia após dia. Sei que ele retornará e só peço a Ele que me permita voltar também. Que eu possa te ver voltando no último raio de luz da tarde, ou na penumbra da noite...só volte. A carne um dia acaba, o coração um dia pára, as palavras um dia cessarão. Aplausos para outubro de todos os tempos. A primavera inesquecível. Eu, o eterno mortal.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Degustação do próx. livro (em construção)


Sexta-feira, 7:03am, Candelária – A aliança

Apesar da gostosa manhã brindar o meu café, meu estômago esmurrava-me de tanta fome. Esta, aquietada quando rapidamente pedi um pão na chapa com muita manteiga. O perfume do cafezinho na hora me fazia fechar os olhos e não estar ali por vários milênios, mas eu tinha de abri-los. Havia pouca gente no recinto. Um casal numa mesa perto da janela, um senhor com seu jornal, folheando-o lentamente, um grupo de estudantes na fila do caixa. Não era apenas mais um dia, era uma sexta-feira. Santa sexta-feira que nos faz sorrir. Trabalho, trabalho e trabalho e no final.. sempre há uma sexta. Dei minha última golada quando um forte estouro ecoou em todo o quarteirão. Os pombos bateram em revoada, os carros buzinavam com mais intensidade e minha cabeça doía. Em meio ao caos, um menino maltrapilho aproximou-se, me oferecendo balas e outros trecos. De primeira recusei. Onde já se vira naquele momento, com aquelas circunstâncias, eu ainda ter que comprar doces? Loucura, talvez. Pois é, comprei. Não me ative ao olhar daquele menino que rapidamente me puxara pela mão, em meio à poeira e confusão. Fomos rapidamente para uma outra rua ao lado. Apesar de alguns ainda correrem assustados, estávamos com uma sensação de segurança. Estendi minha mão direita e perguntei o seu nome: “– sou seu cavaleiro, chama-me como quiser”. Claro, sorri e perguntei de novo, porém, mais uma vez ele disse aquela frase estranhamente engraçada. Tudo bem! Assenti com a cabeça e agradeci. Ele apenas sorriu largamente. Crianças! Tinha lá seus cinco ou seis anos, fiquei estudando-o com os olhos até ele me perceber. “– tenho seis”, o danado me respondeu como se lesse a minha mente. Convidei-o para tomar um café já que o meu havia sido interrompido.
Aquele pingo de gente com cara de arteiro e sagaz estava emudecido, de olhos baixos e chacoalhava suas pequenas pernas na cadeira alta do bar. Pedi que ele escolhesse o que quisesse e ele apenas me olhou friamente. Insisti no pedido e ele me implodiu
- Pode me dar o que quiser, porque eu tenho fome, mas o mundo tem pressa.
Apesar de surpreso e desconcertado, lá no fundo fiquei feliz. Senti uma sabedoria naquele corpo maltratado pelo mundo. Senti-me mais confortável e comecei a sabatinar o menino sobre sua vida. Mal sabia o problema em que eu estava me metendo...
                                                               TO BE CONTINUE....(rsrs)