sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Instinto


Tenho vontade de quebrar,
Bater, matar, gritar, atirar,
Chutar, cuspir, zoar, socar,
Mas eu escrevo.
Preciso chorar, vomitar, reclamar,
Blasfemar, transar, fugir, calar,
Ceder, transgredir, corromper,
Mas ainda escrevo.
Penso em explodir, exterminar,
Assaltar, estuprar, gemer, bulinar,
Furtar, assediar, desligar, monopolizar,
Continuo escrevendo.
Quero comer, estapear, trepar,
Desamar, armar, “branquear”,
Queimar, dar, sofrer, deprimir
...ó incessante escrita!
Vou incendiar, gargalhar, dançar,
Contrariar, ensurdecer, mudar,
Sair, entrar, ficar, descer, morrer,
Desligar esta TV, para poder descansar,
E escrever, escrever, escrever...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Seguir...

Estou escrevendo neste tempo para que não pensem que foi chacota ou marmelada. Um tempo de reviravoltas, bem esperadas. Chegaram estas tão faladas tormentas como chuviscos. O Moço lá de cima falou alto em meu coração hoje, que enfim, o meu fim estava escrito. Um fim não da carne, mas uma simbologia de recomeço. Morrendo para o velho, vivendo o novo. O desafio foi desmascarado. Todos dançamos ao som da alegria, nem que fosse por conveniência. Uma noite! Bastou uma única noite para eu entender, em meio a várias doses de whiskeys, que não era para eu entender mais nada; não julgar mais nada; não pensar em nada, apenas dançar e sorrir. Começou nesta data logo cedo, quando em casa, resolvi agir como num passado tão distante de tão ali. No meu quintal tomei banho de borracha, bebi cerveja, escutei música, vi nosso vôlei campeão, papeei com meu pai, escrevi algumas linhas do meu livro, enfim, bem provados e saboreados minutos vivi aquele domingo. Mal sabia que a noite seria fechada com arremate de puro ouro. Não. Não “peguei” ninguém; não, não “comi” ninguém; não, não vomitei; dancei e sorri muito. Esta sincronia que há muito deixara de lado. Algo mágico que sempre me ajudou. Fato que deixei passar. Deus me permitiu voltar. Mas esta volta, pela primeira vez, foi concedida em voz alta... aqui...dentro peito.
Estou escrevendo sentindo e escutando esta voz. É doce, paterna, blindada e me sinto doce, paterno e blindado. Faz-se em mim e me faço Nele. Uma missa é celebrada no coração onde o céu e a Terra se encontram; onde minh’alma doma meus sentidos, quase que uma vertigem. Estou lúcido! Alegre e feliz pelo bem de quem partiu para um outro “lugar”. O meu “lugar” pode ter certeza, que apesar de vazio, é necessário ser assim para um dia você voltar. Ah sim, e obrigado pelo eu te amo! Sigo eu, apaixonado, sorrindo, feliz, louco olhando o pôr-do-sol...dia após dia. Sei que ele retornará e só peço a Ele que me permita voltar também. Que eu possa te ver voltando no último raio de luz da tarde, ou na penumbra da noite...só volte. A carne um dia acaba, o coração um dia pára, as palavras um dia cessarão. Aplausos para outubro de todos os tempos. A primavera inesquecível. Eu, o eterno mortal.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Degustação do próx. livro (em construção)


Sexta-feira, 7:03am, Candelária – A aliança

Apesar da gostosa manhã brindar o meu café, meu estômago esmurrava-me de tanta fome. Esta, aquietada quando rapidamente pedi um pão na chapa com muita manteiga. O perfume do cafezinho na hora me fazia fechar os olhos e não estar ali por vários milênios, mas eu tinha de abri-los. Havia pouca gente no recinto. Um casal numa mesa perto da janela, um senhor com seu jornal, folheando-o lentamente, um grupo de estudantes na fila do caixa. Não era apenas mais um dia, era uma sexta-feira. Santa sexta-feira que nos faz sorrir. Trabalho, trabalho e trabalho e no final.. sempre há uma sexta. Dei minha última golada quando um forte estouro ecoou em todo o quarteirão. Os pombos bateram em revoada, os carros buzinavam com mais intensidade e minha cabeça doía. Em meio ao caos, um menino maltrapilho aproximou-se, me oferecendo balas e outros trecos. De primeira recusei. Onde já se vira naquele momento, com aquelas circunstâncias, eu ainda ter que comprar doces? Loucura, talvez. Pois é, comprei. Não me ative ao olhar daquele menino que rapidamente me puxara pela mão, em meio à poeira e confusão. Fomos rapidamente para uma outra rua ao lado. Apesar de alguns ainda correrem assustados, estávamos com uma sensação de segurança. Estendi minha mão direita e perguntei o seu nome: “– sou seu cavaleiro, chama-me como quiser”. Claro, sorri e perguntei de novo, porém, mais uma vez ele disse aquela frase estranhamente engraçada. Tudo bem! Assenti com a cabeça e agradeci. Ele apenas sorriu largamente. Crianças! Tinha lá seus cinco ou seis anos, fiquei estudando-o com os olhos até ele me perceber. “– tenho seis”, o danado me respondeu como se lesse a minha mente. Convidei-o para tomar um café já que o meu havia sido interrompido.
Aquele pingo de gente com cara de arteiro e sagaz estava emudecido, de olhos baixos e chacoalhava suas pequenas pernas na cadeira alta do bar. Pedi que ele escolhesse o que quisesse e ele apenas me olhou friamente. Insisti no pedido e ele me implodiu
- Pode me dar o que quiser, porque eu tenho fome, mas o mundo tem pressa.
Apesar de surpreso e desconcertado, lá no fundo fiquei feliz. Senti uma sabedoria naquele corpo maltratado pelo mundo. Senti-me mais confortável e comecei a sabatinar o menino sobre sua vida. Mal sabia o problema em que eu estava me metendo...
                                                               TO BE CONTINUE....(rsrs)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Fim do pensar?

Vejo um afastamento do ser humano com sua espécie, com a natureza, com seu pensamento. Vejo um homem disperso, velho que desistiu da vida; uma luta entregue; um jogo vendido; uma insustentável leveza da vida.
Estão mais duros, mais isolados, individualistas, egocêntricos, até em dias de catástrofes, ainda que se salvem alguns pela ajuda dos poucos e moribundos do bem.
Vejo se voltarem para seus fones; cada um em sua janela de ônibus; não querem sentar-se juntos; não se olham, e quando sim, para julgar o outro; não denomino mais este lugar de selva; não sei como chamar; talvez um espaço-tempo entre a selva e o inferno.
A paz é mentirosa. É argumento fraco e por vezes pilhéria. Tempo de desesperança midiática; mundo sem fronteiras; nós nos tornamos as fronteiras, cada qual com seu front, com seu armamento, mesmo que seja no olhar, no gesto, no falar.
Vejo os homens amarrados em falas fúteis, tanto para passarem o tempo, este tanto que não significa nada. Primeiro o meu! A lei é marcial; é imperativa e redundante, recorrente e acorrentadora. Estamos deixando nosso legado de “ser” humano. Somos humanos por conveniência. Ou para satisfazer um ego próprio, ou para polir o brilho de uma caridade frente à mídia ante uma catástofre. Podres. Estamos mortos antes de morrermos. Não escrevo para serem interessantes tais palavras ou para que emocionem. Eu provoco mesmo. Não tenho saída senão provocar este mundo sonolento e letárgico. Sacudi-lo é necessário para os que ainda estão de pé. Estes seres correm o dia inteiro em rota de colisão ao consumo, mas em rota de fuga de palavras, carinho, da simplicidade. Para o quê veio? Cada vez mais se precisa menos do outro, apesar de precisar muito. O orgulho é o estandarte do século que entra. A auto-suficiência, o autoritarismo, tudo culpa de um sistema ou de um modo de vida? Talvez ambos. Somos mais do que isto, pelo menos deveríamos ser. Nossa capacidade de humanos esta em ruínas. Raros são os que fazem; que prezam pela justiça. Em extinção estamos nós. Estamos nos extinguindo aos poucos, unha por unha. Somos duros e agüentamos na fé irreal de dias melhores pondo o hoje num jarro com água para durar.
Vejo a hora passar; o tempo ruir; o homem não ser humano; o planeta ainda ser Terra, mas a cidade ser caos. Não vou apelar às crianças, nem aos doentes, nem a fé, nem aos prezados antepassados, nem a merda nenhuma; afinal, quem for terminar o texto conte boas-novas!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Macaquices humanas!

De primitivo, o filme de Rupert Wyatt, um novato diretor de cinema, não tem nada. Claro, a não ser os animais que nele se encontram e que nos fazem repensar o nosso modo de sobrevivência, relações e liberdade. Uma aula de nossos antepassados. Resolvi escrever um pouco sobre este filme que entra para a galeria dos melhores já vistos.
Deixando os efeitos técnicos para depois, não que sejam supérfluos, o que mais chama atenção são os laços de amizade, carinho, respeito, família, liberdade, valores estes corrompidos e/ou distorcidos neste dias que seguem. O olhar de César (o macaco ator/virtual) e seus atributos coerentes com a vida em grupo preenchem a lacuna deixada pelos humanos. Abrem-se muitas perguntas durante o longa, e é isto que encanta. Faz pensar, causa o discurso, a análise, a ponto de torcermos em muitas cenas, para a outra espécie. Nos vemos tão distantes daqueles valores, que César passa ser o nosso herói, nosso nó na garganta para que tudo dê certo...para ele. Podemos ver também, a questão do lugar, ou seja, fica bem definido fotograficamente falando, onde é a selva e a cidade. Interessante e fácil é como identificamos rapidamente a inversão destes. Os prédios, os humanos, o nosso cotidiano é mais selvagem que o próprio habitat dele (César). Nos faz repensar nosso meio, nossos métodos para com o próximo, seja ele, humano ou não, afinal somos todos criaturas de Deus. É um tapa na cara, do tipo: Acorda!. Ou melhor, uma bananada! O poder em questão é um meio para se alcançar a liberdade e depois se perde sua importância; há submissão e respeito, não a quem detém o lucro ou a esperteza, mas a quem quer a justiça acima de todas as coisas; se há o silêncio, não é por conta do medo, mas uma ferramenta para pensar e depois agir. Alguma semelhança ou uma enorme diferença? A morte é fonte de alimento para a vida. Sabe-se dela, mas luta-se para adiá-la. O subterfúgio científico para explicar a história é válida e muito bem encaixada. Os efeitos apenas corroboram as cenas sem perder o sentido, sem pieguices. As relações humanas são postas em xeque e o exemplo animal nos serve de exemplo. Nos matamos de todas as formas, mas quando queremos salvar a qualquer custo literalmente, acabamos por colocar a todos em risco. Vale a pena este tipo de risco?
A beleza da natureza está no todo, tanto nos primatas quanto em nós; nos selvagens e nos civilizados; nos racionais e nos irracionais; aliás, quem é o que nesta história? O quê explica os aplausos ao fim de uma sessão lotada de cinema, como ha muito não se via? Um filme que veio com cara de ser mais um fiasco, alegremente surpreendeu. Que a tecnologia seja uma ferramenta para a arte prevalecer...e assim foi!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Outra sorte


Ó, singela mentira diluída neste sorriso teu,
Cala-me com voraz privacidade de amor
Sorrateiro olhar que sufoca o futuro e
Mata o passado, envenenando o agora...
Onde estou?
Não me permito mais estar presente sem você
E que meu coração queira fugir para o nada,
E lá encontrar abrigo e um fim decente,
Mas que seja o fim da gente – não nos precisamos mais.
Vida e morte que se encerraram
Neste leito de sorte,
A noite acabou e não temos a música
Aquela mesma que entoava nosso abraço,
Que hoje me serve ao pescoço, puro laço.
Fique com sua maldade tão esbravejada.
Curta-a, e como sempre, quando precisar
Me procure;
Ou quando um novo suspiro eu tiver por alguém
Me procure;
Ou tiver sem saída e houver uma recaída,
Me procure;
E assim continuará sempre me procurando.
Estarei perdido no mundo e dentro cá
Não vais me achar,
Meu corpo estará coberto de outros abraços
Seus olhos hão de virar estilhaços
E seus pés doerão ao pisar
Em renegar a quem sempre te quis.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Setembro!

    Nada melhor que começar setembro! Apesar do frio e inconstâncias do nosso inverno, nada mais psicologicamente aconchegante que imaginar setembro. Logo vem à mente: Primavera! É, não é bem agora, e sim mais pro fim do mês. Já dá para viajar nas flores, sentir os cupins atordoando em dias abafados, as roupas ficarem mais leves, o olhar menos pesado. As pessoas tendem a sorrir mais. O choro já não é tão frio.
    É hora de renovar os pedidos, as juras de amor, deixar seguir o vento do passado, porém nunca desprezá-lo. Foi algo de nós que partiu pela necessidade do ciclo se fechar para outro se abrir. Respeite este passado que diante de nossos olhos passa, velho, acabrunhado, experiente, levando em sua bolsa nossos pensamentos, nossas alegrias e mágoas; no caminho, apenas larga seus passos curtos; alarga nossos olhares turvos; alimenta os pássaros da imaginação; se despede com primavera.
     Neste beco que se chama vida, onde nos esbarramos por vezes, moram estes ventos. Brisas, ora rajadas que nos sacodem, nos atormentam, nos aliviam, sempre nos indicam ou empurram para o lugar que temos de ir. É tempo dos perfumes no ar, dos encantos mais perfeitos, dos abraço mais saudoso, do beijo mais caloroso. É reencontro com a pessoa e desencontrar-se com as desavenças. Tempo de tempo doido. Ora chuva, ora sol, orar pra Deus, ora agradecendo, ora nem tanto, hora de ficar em silêncio. Por tudo, pela busca utópica, mas necessária, da felicidade, alegrai-vos, chegou setembro!



Breve aqui!!

Poesias, ensaios e outros.