terça-feira, 1 de novembro de 2011

Degustação do próx. livro (em construção)


Sexta-feira, 7:03am, Candelária – A aliança

Apesar da gostosa manhã brindar o meu café, meu estômago esmurrava-me de tanta fome. Esta, aquietada quando rapidamente pedi um pão na chapa com muita manteiga. O perfume do cafezinho na hora me fazia fechar os olhos e não estar ali por vários milênios, mas eu tinha de abri-los. Havia pouca gente no recinto. Um casal numa mesa perto da janela, um senhor com seu jornal, folheando-o lentamente, um grupo de estudantes na fila do caixa. Não era apenas mais um dia, era uma sexta-feira. Santa sexta-feira que nos faz sorrir. Trabalho, trabalho e trabalho e no final.. sempre há uma sexta. Dei minha última golada quando um forte estouro ecoou em todo o quarteirão. Os pombos bateram em revoada, os carros buzinavam com mais intensidade e minha cabeça doía. Em meio ao caos, um menino maltrapilho aproximou-se, me oferecendo balas e outros trecos. De primeira recusei. Onde já se vira naquele momento, com aquelas circunstâncias, eu ainda ter que comprar doces? Loucura, talvez. Pois é, comprei. Não me ative ao olhar daquele menino que rapidamente me puxara pela mão, em meio à poeira e confusão. Fomos rapidamente para uma outra rua ao lado. Apesar de alguns ainda correrem assustados, estávamos com uma sensação de segurança. Estendi minha mão direita e perguntei o seu nome: “– sou seu cavaleiro, chama-me como quiser”. Claro, sorri e perguntei de novo, porém, mais uma vez ele disse aquela frase estranhamente engraçada. Tudo bem! Assenti com a cabeça e agradeci. Ele apenas sorriu largamente. Crianças! Tinha lá seus cinco ou seis anos, fiquei estudando-o com os olhos até ele me perceber. “– tenho seis”, o danado me respondeu como se lesse a minha mente. Convidei-o para tomar um café já que o meu havia sido interrompido.
Aquele pingo de gente com cara de arteiro e sagaz estava emudecido, de olhos baixos e chacoalhava suas pequenas pernas na cadeira alta do bar. Pedi que ele escolhesse o que quisesse e ele apenas me olhou friamente. Insisti no pedido e ele me implodiu
- Pode me dar o que quiser, porque eu tenho fome, mas o mundo tem pressa.
Apesar de surpreso e desconcertado, lá no fundo fiquei feliz. Senti uma sabedoria naquele corpo maltratado pelo mundo. Senti-me mais confortável e comecei a sabatinar o menino sobre sua vida. Mal sabia o problema em que eu estava me metendo...
                                                               TO BE CONTINUE....(rsrs)

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