quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Fim do pensar?

Vejo um afastamento do ser humano com sua espécie, com a natureza, com seu pensamento. Vejo um homem disperso, velho que desistiu da vida; uma luta entregue; um jogo vendido; uma insustentável leveza da vida.
Estão mais duros, mais isolados, individualistas, egocêntricos, até em dias de catástrofes, ainda que se salvem alguns pela ajuda dos poucos e moribundos do bem.
Vejo se voltarem para seus fones; cada um em sua janela de ônibus; não querem sentar-se juntos; não se olham, e quando sim, para julgar o outro; não denomino mais este lugar de selva; não sei como chamar; talvez um espaço-tempo entre a selva e o inferno.
A paz é mentirosa. É argumento fraco e por vezes pilhéria. Tempo de desesperança midiática; mundo sem fronteiras; nós nos tornamos as fronteiras, cada qual com seu front, com seu armamento, mesmo que seja no olhar, no gesto, no falar.
Vejo os homens amarrados em falas fúteis, tanto para passarem o tempo, este tanto que não significa nada. Primeiro o meu! A lei é marcial; é imperativa e redundante, recorrente e acorrentadora. Estamos deixando nosso legado de “ser” humano. Somos humanos por conveniência. Ou para satisfazer um ego próprio, ou para polir o brilho de uma caridade frente à mídia ante uma catástofre. Podres. Estamos mortos antes de morrermos. Não escrevo para serem interessantes tais palavras ou para que emocionem. Eu provoco mesmo. Não tenho saída senão provocar este mundo sonolento e letárgico. Sacudi-lo é necessário para os que ainda estão de pé. Estes seres correm o dia inteiro em rota de colisão ao consumo, mas em rota de fuga de palavras, carinho, da simplicidade. Para o quê veio? Cada vez mais se precisa menos do outro, apesar de precisar muito. O orgulho é o estandarte do século que entra. A auto-suficiência, o autoritarismo, tudo culpa de um sistema ou de um modo de vida? Talvez ambos. Somos mais do que isto, pelo menos deveríamos ser. Nossa capacidade de humanos esta em ruínas. Raros são os que fazem; que prezam pela justiça. Em extinção estamos nós. Estamos nos extinguindo aos poucos, unha por unha. Somos duros e agüentamos na fé irreal de dias melhores pondo o hoje num jarro com água para durar.
Vejo a hora passar; o tempo ruir; o homem não ser humano; o planeta ainda ser Terra, mas a cidade ser caos. Não vou apelar às crianças, nem aos doentes, nem a fé, nem aos prezados antepassados, nem a merda nenhuma; afinal, quem for terminar o texto conte boas-novas!

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