quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Macaquices humanas!

De primitivo, o filme de Rupert Wyatt, um novato diretor de cinema, não tem nada. Claro, a não ser os animais que nele se encontram e que nos fazem repensar o nosso modo de sobrevivência, relações e liberdade. Uma aula de nossos antepassados. Resolvi escrever um pouco sobre este filme que entra para a galeria dos melhores já vistos.
Deixando os efeitos técnicos para depois, não que sejam supérfluos, o que mais chama atenção são os laços de amizade, carinho, respeito, família, liberdade, valores estes corrompidos e/ou distorcidos neste dias que seguem. O olhar de César (o macaco ator/virtual) e seus atributos coerentes com a vida em grupo preenchem a lacuna deixada pelos humanos. Abrem-se muitas perguntas durante o longa, e é isto que encanta. Faz pensar, causa o discurso, a análise, a ponto de torcermos em muitas cenas, para a outra espécie. Nos vemos tão distantes daqueles valores, que César passa ser o nosso herói, nosso nó na garganta para que tudo dê certo...para ele. Podemos ver também, a questão do lugar, ou seja, fica bem definido fotograficamente falando, onde é a selva e a cidade. Interessante e fácil é como identificamos rapidamente a inversão destes. Os prédios, os humanos, o nosso cotidiano é mais selvagem que o próprio habitat dele (César). Nos faz repensar nosso meio, nossos métodos para com o próximo, seja ele, humano ou não, afinal somos todos criaturas de Deus. É um tapa na cara, do tipo: Acorda!. Ou melhor, uma bananada! O poder em questão é um meio para se alcançar a liberdade e depois se perde sua importância; há submissão e respeito, não a quem detém o lucro ou a esperteza, mas a quem quer a justiça acima de todas as coisas; se há o silêncio, não é por conta do medo, mas uma ferramenta para pensar e depois agir. Alguma semelhança ou uma enorme diferença? A morte é fonte de alimento para a vida. Sabe-se dela, mas luta-se para adiá-la. O subterfúgio científico para explicar a história é válida e muito bem encaixada. Os efeitos apenas corroboram as cenas sem perder o sentido, sem pieguices. As relações humanas são postas em xeque e o exemplo animal nos serve de exemplo. Nos matamos de todas as formas, mas quando queremos salvar a qualquer custo literalmente, acabamos por colocar a todos em risco. Vale a pena este tipo de risco?
A beleza da natureza está no todo, tanto nos primatas quanto em nós; nos selvagens e nos civilizados; nos racionais e nos irracionais; aliás, quem é o que nesta história? O quê explica os aplausos ao fim de uma sessão lotada de cinema, como ha muito não se via? Um filme que veio com cara de ser mais um fiasco, alegremente surpreendeu. Que a tecnologia seja uma ferramenta para a arte prevalecer...e assim foi!

Um comentário: